Toda Ação na Internet Impacta o Meio Ambiente

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Meio Ambiente
12/05/2025
Toda Ação na Internet Impacta o Meio Ambiente
Diante das previsões e do aumento do consumo desproporcional de água e eletricidade, algumas big techs, como Microsoft e Google, já anunciaram iniciativas para reduzir o impacto ambiental das suas atividades.

Você sabe dizer qual o custo para se fazer uma pesquisa básica no Google? E em um chatbot de inteligência artificial? Ou então, para simplesmente reproduzir um vídeo de uma plataforma online? Se para muitos humanos esses serviços não geram nenhum gasto financeiro extra, para o planeta a conta é pesada, que aumenta cada vez mais conforme a demanda.

Por trás de toda nova tecnologia, há uma fatura nada sustentável e aparentemente imperceptível para a grande maioria dos usuários, mas que só cresce à medida que os avanços evoluem e o consumo se torna cada vez mais frequente. As trends de redes sociais são um exemplo típico. Sempre que um conteúdo viraliza, a utilização dos recursos necessários para que essa tendência se mantenha dispara.

Em termos mais objetivos, estamos falando do consumo de água e energia. Isso mesmo. Fazendo uma analogia do corpo humano com as máquinas, fica mais fácil de seguir a análise. Ao praticar uma atividade física, o corpo começa a transpirar. Neste caso, o suor é essencial para ajudar a manter a temperatura interna dentro de limites seguros. Situação semelhante acontece com os computadores. Quando os sistemas começam a aquecer demais, é preciso que entre em ação um processo de arrefecimento, o que geralmente requer o uso de mecanismos que utilizam água ou ar-condicionado.

Toda vez que um usuário utiliza uma ferramenta de inteligência artificial para fazer uma consulta de dados, como no caso do ChatGPT, os servidores dos centros de processamento de dados, que são os chamados data centers, são acionados e, consequentemente, geram calor.

Um estudo feito pela Universidade da Califórnia, em Riverside, a pedido do jornal The Washington Post, estimou que uma ferramenta de IA consome pelo menos 519 mililitros de água, o que corresponde a pouco mais de uma garrafa, para dar uma única resposta de 100 palavras. Se o mesmo pedido for solicitado uma vez por semana durante um ano, o consumo sobe para 27 litros. Agora, se 1 em cada 10 americanos utilizar o ChatGPT uma vez por semana ao longo de um ano para obter uma resposta média de 100 palavras, os data centers aos quais estão conectados precisarão de mais de 435 milhões de litros de água para fazer o arrefecimento dos servidores.

Os pesquisadores americanos também fizeram os cálculos para estimar a quantidade de energia usada para gerar a mesma resposta de 100 palavras. O acionamento uma única vez requer 0,14 quilowatt-hora (kWh) de eletricidade, o equivalente ao consumo de 14 lâmpadas LED por uma hora. Se o uso acontecer uma vez por semana durante um ano, a quantidade necessária sobe para 7,5 kWh, o equivalente à eletricidade consumida por 9,3 residências na capital americana durante 60 minutos. Já o uso uma vez por semana, durante um ano, por 10% dos trabalhadores americanos vai demandar 121.517 megawatts-hora (MWh), o equivalente à eletricidade consumida por todas as famílias de Washington, D.C., durante 20 dias. De acordo com a Agência Internacional de Energia, uma consulta no ChatGPT consome em média 10 vezes mais energia do que uma busca simples no Google. Estamos falando apenas de uma única ferramenta de IA que tem atualmente 400 milhões de usuários. Agora, imagine qual o impacto ambiental global se considerarmos as demais tecnologias de IA. Até pouco tempo, o visionamento de vídeos online era responsável por 1% das emissões globais de CO?. A estimativa é que até o fim de 2025 esse índice chegue a 8%. Ou seja, tudo o que se faz na internet tem um impacto negativo para o meio ambiente.

Outro estudo feito pela Goldman Sachs Research, empresa que fornece análises e insights sobre mercados financeiros, empresas, setores, commodities e economia, estima que até o ano de 2028 a IA represente cerca de 19% da demanda de energia dos data centers. Ainda de acordo com o estudo, entre 2015 e 2019, as cargas de trabalho dos data centers quase triplicaram.

Entretanto, a demanda de energia nesse período permaneceu estável, em parte, porque os data centers se mantiveram mais eficientes no uso da energia que consumiam. Só que, a partir de 2020, esse ganho de eficiência diminuiu ao mesmo tempo em que o consumo de energia aumentou nesses ambientes computacionais. Somente nos EUA, a estimativa é que os data centers sejam responsáveis pelo consumo de 8% da energia total até 2030 — em 2022 esse consumo representava 3%.

Diante das previsões e do aumento do consumo desproporcional de água e eletricidade, algumas big techs, como Microsoft e Google, já anunciaram iniciativas para reduzir o impacto ambiental das suas atividades. Nações que abrigam a maior parte dos data centers, como Estados Unidos e Europa, estão ampliando o investimento em fontes de energia renováveis.

O desafio, no entanto, é proporcional à projeção de aumento no consumo nas próximas décadas.

Que fique claro: esse artigo não tem como finalidade criar um alarde e nem pregar o fim dos compartilhamentos ou pesquisas online. A inteligência artificial veio para ficar e trazer benefícios em vários setores, como educação, saúde, transporte, segurança, ciência, etc.

Mas, o usuário, ao fazer uso dessa tecnologia, que seja moderado e consciente, assim como a utilização diária dos demais recursos naturais disponibilizados hoje, como a própria água e a energia.

Fonte: Jornal Correio de Uberlândia

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