Começando uma Startup, por Sthefano Cruvinel CEO da EvidJuri

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Startup
19/05/2025
Começando uma Startup, por Sthefano Cruvinel CEO da EvidJuri
Em 2024, o ecossistema de startups brasileiro registrou um crescimento expressivo, movimentando R$ 13,9 bilhões em investimentos, segundo o relatório Ecossistema 2024, elaborado pela Liga Ventures.

O cenário dos negócios é marcado, atualmente, pela constante evolução e pela pressão por rápida adaptação às mudanças proporcionadas pela tecnologia.

Nesse ambiente desafiador, as startups se destacam como agentes de transformação, oferecendo novas perspectivas, abordagens disruptivas e soluções criativas que impactam diferentes setores. Com sua capacidade de inovação ágil e escalável, esse tipo de empresa desempenha um papel crucial na redefinição das dinâmicas econômicas e no fortalecimento da competitividade global. Assim sendo, considero uma startup um grande atrativo tanto para quem quer começar um negócio como para o investidor que deseja apostar seu dinheiro com mais segurança.

Mas, antes de aprofundar o conteúdo sugerido no título deste artigo, quero destacar aqui alguns números importantes. Vejamos. Atualmente, o Brasil concentra 61% dos investimentos em venture capital na América Latina e 77% das startups dessa região. Em 2024, o ecossistema de startups brasileiro registrou um crescimento expressivo, movimentando R$ 13,9 bilhões em investimentos, segundo o relatório Ecossistema 2024, elaborado pela Liga Ventures. O valor representa um avanço de 50% em relação a 2023, quando foram captados R$ 9,3 bilhões. O levantamento analisou 366 transações realizadas ao longo do período. O destaque fica por conta das fintechs como o segmento que mais recebeu investimentos, concentrando 38% dos aportes. Em seguida, apareceram as startups dos setores de energia (23%), imóveis e construção (17%), varejo (12%) e agronegócio (11%).

Esses números demonstram que as startups vêm ganhando destaque no mercado brasileiro. Nos últimos 10 anos, foram abertas mais de sete mil empresas desse tipo e, hoje, o número já ultrapassa 12 mil, segundo levantamento feito pela Cortex Intelligence.

"Contra fatos não há argumentos", diz o ditado. Mas eu digo que, contra números, não há argumentos. Por isso, diante dos dados mencionados acima, é possível avaliar que o mercado de startups no Brasil e na América Latina tem demonstrado um significativo crescimento e amadurecimento.

Penso que alguns fatores podem ter contribuído para isso, como a diversificação do ecossistema empreendedor, o aumento do interesse dos investidores e o estímulo da inovação por meio de iniciativas como os hubs.

Quanto ao primeiro fator, a diversificação do ecossistema empreendedor está presente nos nichos e segmentos de atuação das startups, onde não apenas as fintechs chamam a atenção, mas também as healthtechs, edtechs e agtechs, entre outras. Tal versatilidade de atuação contribui para atrair diferentes perfis de investidores, ávidos pela inovação proporcionada pelas startups.

Sobre o aumento de investidores, tanto nacionais quanto internacionais, ele é notado no número de interessados em startups brasileiras, que tem crescido exponencialmente. Neste caso, a disponibilidade de capital de risco, o venture capital e os fundos de investimento são exemplos de modalidades com mais rodadas frente a negócios embrionários.

Finalmente, o terceiro fator, referente a ambientes favoráveis à inovação, é outro ponto que amplia a visibilidade das startups brasileiras. Isso tem a ver com a criação e movimentação do mercado em busca de ambientes propícios à inovação, como é o caso dos hubs tecnológicos, das incubadoras e das aceleradoras de startups.

Sobre os mercados nacional e internacional, faço uma ressalva quanto ao empreendimento de negócios relacionados à tecnologia, que percebo ser um enorme filão a ser explorado. Além de crescimento, a realidade mostra que o negócio de startups no Brasil está em constante mudança, refletindo a dinâmica e a corrida tecnológica no contexto atual da economia.

Um relatório feito em 2023 (elaborado com dados da Startup Scanner) mapeou mais de 53 mil startups no Brasil, onde foi possível identificar cinco segmentos que estão se destacando em termos de inovação, moldando esse cenário no país. São eles: fintechs, agtechs, healthtechs, foodtechs e retailtechs, que, inclusive, já destaquei anteriormente. Isso quer dizer que, seja pela aplicação de tecnologias emergentes, como a inteligência artificial, ou por seus modelos de inovação ágeis, as startups aceleram a evolução do ambiente de negócios brasileiro e, como podemos ver, boa parte está arraigada na área da tecnologia.

Abordando então o conteúdo sugerido no título, o meu primeiro conselho fundamental para a criação de uma startup é que a sua ideia de negócio seja boa. Boa, não. Excelente, inovadora, bem acima da média. Até hoje, toda startup bem-sucedida começou de uma ideia inovadora, que atenda às necessidades em constante evolução dos consumidores ou resolva problemas de maneiras inovadoras, além de ter o potencial de mudar a forma como vivemos e fazemos negócios. Enfim, para ter sucesso, é preciso dominar a fase da ideia para se destacar em um cenário concorrido.

Diante disso, vou enumerar algumas premissas que considero primordiais para quem deseja criar uma startup. Antes, resumidamente, vale a pena rememorar o conceito: startup é uma empresa nova, com alto potencial de crescimento, devido ao seu modelo de negócios escalável e ao uso de novas tecnologias. Aos pretensiosos investidores, quero ainda informar que construir sua startup exige uma visão e um planejamento sólidos, atitudes que demandam algumas premissas desde a ideia até o lançamento. Vamos às premissas:

1. Comece com a validação

Esclareça a demanda que você pretende resolver. Pense na sua ideia sob a perspectiva dos seus futuros consumidores. Qual é o problema deles? A sua ideia oferece uma solução real?

Converse com potenciais consumidores. Antes de investir, colete feedbacks. Participe de fóruns relevantes, realize entrevistas ou pesquisas para ver se as pessoas estão interessadas o suficiente na sua ideia a ponto de pagar por ela.

Faça um pequeno pré-teste. Uma landing page simples, com uma chamada para ação ou uma pesquisa de interesse, pode revelar muita coisa. Direcione tráfego para ela com anúncios e veja se as pessoas clicam. Isso pode economizar meses, caso seu conceito não esteja atraindo clientes.

2. Mapeie seu modelo de negócios

Defina as fontes de receita. Você dependerá de assinaturas, compras únicas, anúncios ou outro modelo? Responder a essa pergunta com antecedência ajudará a orientar seu plano de expansão.

Descreva os custos e as necessidades de financiamento. Estime quanto você precisará para desenvolvimento de produto, marketing e outras despesas importantes. Decida se vai investir por conta própria ou se precisa de financiamento externo e certifique-se de que sua escolha se encaixe no seu cronograma.

Estabeleça metas mensuráveis. Organize suas grandes metas e estabeleça marcos menores para manter o crescimento. Isso ajuda você a verificar seu progresso e a permanecer no caminho certo.

3. Crie um MVP (Minimum Viable Product ou Produto Mínimo Viável)

Concentre-se na funcionalidade principal. Primeiro, crie apenas a funcionalidade essencial — apenas o suficiente para que os usuários experimentem o valor do seu produto. Você a aprimorará mais tarde, mas, por enquanto, o importante é comprovar o seu conceito.

Colete feedback à medida que avança. Se possível, envolva alguns usuários iniciais durante o desenvolvimento. A opinião deles sobre o que está funcionando (ou não) pode ajudar a refinar o MVP, fortalecendo o produto quando estiver pronto.

4. Desenvolva sua marca e plano de entrada no mercado

Construa a identidade da sua marca. Crie um logotipo, escolha as cores e defina o tom da sua marca. Cada detalhe deve se conectar com seu público-alvo, criando uma identidade que seja autêntica para ele.

Descreva sua estratégia de marketing. Decida como você alcançará as pessoas. Mídias sociais, marketing de conteúdo, e-mail e parcerias podem desempenhar um papel, mas concentre-se em alguns canais para começar. É melhor se comprometer com um ou dois do que se esforçar demais.

5. Lance e promova seu MVP

Anuncie seu produto. Comece com um lançamento nas redes sociais, fóruns ou por meio de uma lista de e-mail. Destaque a demanda que seu produto atende e incentive as pessoas a experimentá-lo.

Concentre-se nos primeiros usuários. Esses usuários pioneiros são inestimáveis em termos de feedback e divulgação boca a boca. Facilite o retorno deles, para que você possa melhorar rapidamente.

6. Refine com base em feedback real

Analise o que está funcionando e o que não está. Observe os dados de uso, as taxas de conversão e o feedback dos clientes. Use essas informações para orientar quaisquer mudanças ou melhorias.

Melhore e atualize. Lance novos recursos ou ajustes no seu MVP com base no que você aprendeu. Cada melhoria o aproxima de um produto completo que ressoa com seus usuários.

7. Dimensione o produto e as operações

Expanda a equipe. Depois que você ganhar força, comece a procurar pessoas — ou melhor, talentos — que possam ajudar seu negócio a crescer, seja por meio de desenvolvimento, marketing ou suporte ao cliente.

Melhore seus esforços de marketing. Com um produto funcional e um público engajado, expanda para novos canais e considere gastar mais em anúncios para seguir crescendo.

E lembre-se: levar uma startup da ideia ao lançamento exige uma abordagem passo a passo. Dessa forma, você pode desenvolver um produto ou serviço resiliente e útil para o seu público-alvo.

Fonte: Jornal de Uberaba

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